
Sonhos de um roqueiro
Irlam Rocha Lima
Publicação: 23/01/2010 10:58 Atualização: 23/01/2010 11:08
O brasiliense Luiz Nicolau viveu a febre do rockroll nos anos 1980 | |
"Brasília vivia uma ebulição artística na década de 1980 e quis ser partícipe daquilo que estava acontecendo. Fui então fazer teatro. Subi ao palco pela primeira vez em 1982 para encenar Super Zé, dirigido por Dárcio Lima, no Teatro Galpão. Depois, faria outros trabalhos, como o marcante Vidas erradas, de Fernando Villar, inicialmente no Galpão e, depois, na Sala Martins Pena. A peça foi apresentada também no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo", lembra Nicolau.
De volta à capital, o ator integra o elenco do espetáculo Theatro Musical Brasileiro, pesquisa capitaneada por Luís Antônio Martinez Corrêa, com direção de Fábio Pilar, em cartaz até domingo, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Em novembro, ele também passou por aqui com Tom & Vinicius - O musical, apresentado na Sala Villa-Lobos. "Eu vivia o Frank Sinatra, no encontro que o Tom teve com o ícone da canção norte-americano", observa.
Em 1984, Nicolau foi para o Rio de Janeiro estudar teatro, na Casa de Artes de Laranjeiras (CAL). "Paralelamente, fiz outras coisas, como o curso livre de Hamilton Vaz Pereira (diretor do antológico Asdrúbal Trouxe o Trombone). Com ele, fiz a peça Amizade de rua, contracenando com Rodolfo Bottino e Patrícia Pillar, no Teatro Cândido Mendes, em Ipanema", recorda-se.
Inimigos do Rei
Logo depois, o ator e cantor conheceu o maestro Marcos Leite, que o convidou para fazer parte da orquestra de vozes Garganta Profunda. No grupo vocal, ele ficou durante três anos (entre 1985 e 1988) e conheceu Paulinho Moska e Luis Guilherme, que viriam a ser os seus companheiros na banda Inimigos do Rei. "Gravamos alguns discos. O primeiro, de 1989, que vendeu 150 mil cópias, trouxe as músicas Uma barata chamada Kafka e Adelaide, a anã paraguaia, que foram dois grandes hits", conta.
Quase que ao mesmo tempo, Nicolau passou a trabalhar com publicidade em empresa dirigida pelos compositores Tavito (ex-Som Imaginário) e Eduardo Souto Neto, responsáveis por jingles marcantes: "O do Rock in Rio (segunda edição) e o que até hoje é utilizado pela TV Globo na abertura das transmissões de jogos da Seleção Brasileira".
Convidado por Ricardo Waddington para fazer a novela Laços de família, de Manoel Carlos, Nicolau interpretou o marginal Maurinho, ex-marido de Capitu, personagem vivida por Giovana Antonelli. "Depois dessa primeira experiência em novela, fiz outras produções da TV Globo, como O clone, Senhora do destino,Da cor do pecado e a série Carga pesada.
Para o ator, participar do Theatro Musical Brazileiro é uma experiência inquietante. "Na temporada do espetáculo em Brasília, substituo Pedro Paulo Malta, que estava na montagem no CCBB, no Rio. Para mim, tem sido um desafio, pois os personagens que faço são dos séculos 17 e 18, que participam de um sarau, em que ocorrem intrigas amorosas, com tiradas de humor".
Na volta ao Rio, Nicolau começa os ensaios para Era no tempo do rei, peça de autoria do escritor Ruy Castro, que retrata passagem da vida de Dom Pedro I, na fase adolescente. "Vou fazer o temido delegado Vidigal. A direção é de João Fonseca e a trilha sonora tem as assinaturas de Carlos Lyra e Aldir Blanc", adianta. Em breve, o ator poderá ser visto nas telas de todo o país no aguardado filme Suprema felicidade, de Arnaldo Jabor. Outro projeto é o CD da banda Nicolau e os Copérnicos.